sábado, 23 de maio de 2009

O Cortejo do Céu - Reacendendo a Paixão

Antes de mais nada, minha intenção era não postar nada neste mês. Estou passando numa fase de minha vida de "transição proficional" apenar de que creio que já esta acabando (Louvado seja Deus que nos das as boas oportunidades).
É fato que minha fé estava morta se é que posso colocar desta forma o enrigecer do coração,o senso critico afiadissimo e a impermeabilidade da alma.
Ferido pela religião e a Igreja Institucional me lancei na jornada de ressucitar minha fé ... Graças a Deus que existe pessoas como o irmão Philip que passa pelas mesmas aflições e que é sincero o bastante para reconhecer e abrir o coração. Recomendo a leitura deste livro.

Trecho - Alma Sobrevivente
Já tive meus próprios encontros com raposas, especialmente ago­ra que vivo no Colorado. Quando três filhotes nasceram numa toca próxima a um barranco, imaginei-me uma espécie de São Francisco de Assis e resolvi fazer amizade com eles. Sentava-me sobre uma almofada, colocada próxima à toca, e lá escrevia meus artigos e meus livros, até que eles se acostumaram comigo. No primeiro dia, anun­ciei minha presença com um "oi", o que os fez correr como se tives­sem ouvido um raio. Olhavam para mim com curiosidade, com os olhos dourados alertas, orelhas se movendo ao menor som, com seu pêlo avermelhado e sem marcas brilhando ao sol. Por fim, os três come­çaram a me seguir, e me senti como o personagem do conto O flautista de Hamelin, dos irmãos Grimm. Se eu parava, eles paravam também e se escondiam atrás de uma rocha ou de um arbusto. Se eu corria, eles corriam também. Se me sentasse para fazer um lanche, eles me cer­cavam e ficavam olhando.
Conforme prosseguia o verão, passei a sentar-me na calçada de mi­nha casa e assobiar. Ao meu comando, as três lindas e jovens raposas vinham saltando pela ravina. Elas espreitavam borboletas que voavam ao redor de um arbusto com flores silvestres, tentando pegá-las como um gato. Perseguiam, desajeitadas, alguns esquilos espertos. Tentavam morder a água que esguichava do regador que tínhamos no jardim. Ficavam em pé sobre as patas traseiras e bebiam a água de nosso be­bedouro de pássaros. Certa vez, pularam para trás quando o espelho d'água refletiu suas faces. Se eu jogasse uma bola de tênis, uma delas saía em disparada, com as duas outras em uma alegre perseguição.
Eu sempre tinha três acompanhantes no verão. Quando cuidava do jardim, cortava a grama ou lia a correspondência em minha rede, lá estavam elas, seguindo todos os meus movimentos. Se eu almoçasse cm nossa varanda de madeira, elas subiam os degraus para se juntar a mim. Se me sentava lá fora para escrever, elas me observavam por alguns instantes, então se enrolavam, colocando a cauda de ponta bran­ca sobre seus olhos, e dormiam. Sentia-me como se estivesse no Éden, quando o medo ainda não havia surgido entre as espécies, ou me ima­ginava no Paraíso, onde o cordeiro se assentará com o leão, e as rapo­sas se deitarão aos pés dos escritores. Tal como Eiseley, aprendi que no coração do universo pode se achar um sorriso. "A beleza do mundo", disse Simone Weil, "é o carinhoso sorriso de Cristo para nós, mostrado através da matéria". Enxergamo-lo raramente neste planeta desfigu­rado, mas esse vislumbre revela tanta realidade quanto todos os livros de Teologia juntos.
Gradualmente, a música, o amor romântico e, em especial, a natureza começaram a suavizar a incessante monotonia do desespero interior que me importunava como uma dor profunda. Passei a ver o desespero como um sintoma normal da humanidade decaída e alheia a seu Criador. Eu precisava, de alguma maneira, me reconectar.Chesterton havia apontado para São Francisco de Assis, que desen­volvera seu modo de vida a partir do "Irmão Sol" e da "Irmã Lua", e que via uma beleza inexorável na planta mais simples, como um dente-de-leão. Numa passagem memorável, Chesterton contrasta nosso estado com o de Deus, que "é forte o suficiente para se alegrar na monotonia. É possível que Deus diga a cada manhã para o Sol: 'Faça novamente'; a cada noite, ele se volta para a Lua e diz: 'Faça outra vez". É possível que não seja uma necessidade automática que produza as margaridas iguais; pode ser que Deus crie todas as margaridas separadamente, mas ele nunca se cansa de fazê-las. É bem possível que ele tenha o eterno apeti­te da infância, pois nós pecamos e envelhecemos, e nosso Pai é mais jovem do que nós mesmos". Pouco a pouco, a natureza ajudou a reju­venescer em mim aquele apetite da infância.

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