sexta-feira, 12 de março de 2010

A Suplica e o Desprezo

Na saída do metro.
No entra e sai de gente por todos os lados.
Logo ali a fila do ônibus quilométrica.
O trabalhador se enfileira no aguardo pro retorno a sua residência.

Pensando. Pensando. Pensando

-Poxa amanhã será a mesma coisa...
-Meu Deus como será que meu filho esta?
-Não vejo a hora de chegar em casa e ver minha namorada...
-Estou morrendo de fome
-Quero chegar em casa e tomar uma ducha...
-Preciso dormir
E assim continua ao longo da risca humana

Estranhamente ele se aproxima.
-Moço - ele mostra em seus dedinhos enrrugados da velhice uma moeda de 10 centavos.

-Não tenho não.
A outra nem disse nada só acenou abaixando a cabeça que não desviando o olhar discretamente.
-Não tenho não - e em pensamento se justifica que não é seu dever ajudar e sim do governo.
-Quer dinheiro? vai trabalhar... - disse o engravatado.

Com os olhos cansados da vida e as pernas pesadas o maltrapilho continuam andando com o coração pisado pelo desprezo e a aspereza.

Por um momento lhe escapa um pensamento:
- Meu Deuzim, cá to eu num aperreio. Não sei fala, nem le, nem escreve. Que posso faze? Desculpa minha vontade de chora e a lingua pregada no céu da boca. A barriga doi. Leva eu embora Jesuis pra modi tudo isso passa...

Ele espreme os olhos de tristeza, mas lágrima não tem e vai andando,andando, andando, até sumir na multidão.

2 comentários:

Ever.TON disse...

Quem sabe ele já não passou por nós estendendo o instrumento de sua súplica... O que responder-lhe?

Israel Rocha disse...

Devemos ajudar todos os que tem fome e sede, mas nunca sermos assitencialistas devemos acolher o que esta cansado mas ensina-los a se legitimar conquistar algo maior e melhor: dignidade e respeito. devemos ajudar o pobre e odiar a pobreza, pois a muitos ricos que estao pobres e a muitos pobres que estao ricos. Nao foi o rabino de nazare que declarou: felizes os pobres por que deles é o Reino.